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MLLE LE NORMAND

Mlle Le Normand foi uma das mais celebres oraculistas qua já existiu, alcançando fama, fortuna com o seu ofício e um lugar de destaque na história.

 

A associação de seu nome ao baralho cartomântico que se tornou mundialmente famos, o petit lenormand, mais conhecido pelos brasileiros como baralho cigano ampliou sua fama, ainda mais, envolvendo-a numa sedutora alma de mistério e romantismo onde é vista como a criadora do sistema oracular.

 

Entretanto, os fatos e evidências históricas mostram o contrário. Mlle Le Normand morreu dois anos depois do lançamento do baralho como oráculo. Antes era um jogo de tabuleiro em formato de cartas, usado para o entretenimento de jovens e adultos.

 

O texto a seguir é uma tradução livre feita por mim, da mais completa e fidedigna biografia de Marie Anne Le Normand, extraída do livro A Wicked Pack of Cards – The Origins of the Occult Tarot, St. Martin’s Press – New York – 1996 de Ronald Decker, Thierry Depaulis e Michael Dummet, três das maiores autoridades em história das cartas do mundo.

Através dele, poderemos ter um vislumbre de quem realmente foi a “Sibila dos Salões” e qual a sua ligação com as cartas e o mundo oracular.

 

 

Mlle Le Normand:Profetisa ou feiticeira?

 

 

 

“Mlle Le Normand, a célebre mística francesa, marcou profundamente a história de forma que a mera referência de sua passagem seria supérflua. Basta dizer que foi Mlle. Le Normand que previu para Napoleão sua fenomenal ascenção e sua queda repentina. Mlle Le Normand foi uma das grande profetisas vivas tendo sido reconhecida pela nobreza da Europa.” É dessa forma que um baralho de 52 cartas fabricado pela The United States Playing Card Company of Cinccinati, chamado Gypsy Witch é apresentado em seu folheto.


O nome de Mlle Lenormand é, provavelmente, mais conhecido que o de Etteilla e seus discípulos. Não só foi a vidente mais popular das primeiras décadas do século XIX como se mantém como a adivinha mais célebre de todos os tempos. Sua popularidade parece se dever bastante pelos seus escritos, nos quais diz ter estado com pessoas famosas e ter ser tornado a confidente da Imperatriz Josfina de quem publicou as alegadas “memórias secretas”. Embora sejam, praticamente, esquecidos, hoje em dia, Mlle Lenormand escreveu quatorze livros, nenhum sobre suas teorias do Tarô ou métodos de cartomancia, e sim sobre sua carreira e suas ligações com pessoas importantes. Sua preocupação não era de popularizar uma teoria ou sistema prático, mas propagar a crença em seus poderes como uma sibila.

Apesar disso, seu nome ainda é associado a um estranho conjunto de cartas, o “Grand Jeu de Mlle Lenormand”, ainda produzido pela Grimaud, a principal empresa francesa fabricante de cartas. Embora esse baralho bastante popular tenha 54 cartas, sendo 52 cartas “normais” e duas figuras extras, ele tem sido confundido, algumas vezes, com um baralho de Tarô, como deixam claro os títulos de dois livros recentes: Le Tarot de Mlle Lenormand(Paris, 1989) de Dicta e Françoise, e Votre Personalité révélée par le tarot de Mlle Lenormand (Paris, 1992) de Carole Sédillot. O mesmo acontece com uma derivação da tradição Le Normand, o “Petit Lenormand.  Nesse caso, o baralho é composto de 36 cartas e ainda é produzido no países germânicos de onde ele parece ser uma especialidade local.

 

É fácil compreender que o “Grand Jeu de Mlle Lenormand e seus primos alemães não têm qualquer relação com o tarô. Que os últimos não têm nada a ver com Mlle Le Normand, será claramente explicado e mostraremos que a  sibila não era tão interessada em previsões através de cartas. Marie-Anne Le Normand (1772-1843) é, finalmente, a figura mais proeminente de uma época que assistiu os os últimos magos fora de moda darem lugar aos modernos oraculistas que, parecem ter proliferado sob o reinado de Napoleão (1804-15).

 
O começo de Mademoiselle Le Normand

 

Apesar de clamar às “altas ciências”, a primeira principal ocupação de Etteilla, que era prever o futuro com as cartas, teve suas raízes na sociedade francesa. Embora uma lei punisse “pessoas fizessem a adivinhação  e prognóstico ou interpretação de sonho”  seu ofício, Paris estava cheia de cartomantes durante os primeiros anos do século XIX. Uma notícia de 1804 diz: “A polícia repreende leitores de cartas (‘tireurs de cartes em vão pois surgem novos, todos os dias.” Os arquivos de polícia revelam muitas dessas pessoas a quem Éloïse Mozzani evidencia num dos mais bem documentados capítulos de seu livro – Mozzani, 1988. capítulo XV  ‘Les tireurs des cartes sous Napoléon’. Cidadão ‘Irénée’ anunciava, em 1802 que ele continuava a ler cartas, oferecendo explorar o passado, descrever o presente e prever o futuro graças aos seus estudo da arte da Necromancia. Ele tinha, ainda, segredos exclusivos, como ler a clara de um ovo e a borra do café, além vender água de colônia. Detido, ‘Irénée confessou se chamar Bonier. Outra busca policial feita no apartamento de uma mulher chamada Gilbert, no mesmo, ano, revelou que ela possuía três baralhos, incluindo um que se chamava “Thot”’. Um homem chamado Lyonnais predizia o futuro na rue de Bucy. Quando a polícia chegou, apreendeu ‘dois baralhos contendo figuras estranhas, cada um.’


Madame Lacoste, a mulher Grangou, o cidadão Meyer, Mademoiselle Virignie, os Somonets, Madame Lebrun, a viúva Chevalier, sob o pseudônimo de ‘Madame Renard’ – Madamo Raposa – são somente alguns poucos nomes dentre os muitos praticantes citados por Mozzani que foram detidos e presos por curtos períodos pela polícia  durante os anos de 1801-9. Mlle Le Normand era, exatamente, do mesmo tipo exceto por ter escrito muitos livros. Isso fez uma grande diferença.


Embora tenha enchido seus livros com episódios de sua vida e as pessoas com quem encontrou e, embora, muitas obras tenham sido publicadas ao longo de sua carreira – há, pelo menos seis biografias, sem mencionarmos notas em dicionários – não é fácil delinear a vida real de Mlle Le Normand. Muitas de suas afirmações são ilegítimas, muitas de suas biografias são forjadas, reconhecidas ou não. Logo após sua morte em 1843, três livros foram publicados. O primeiro deles, La Sibylle de XIXe siècle, consiste no que pretende ser profecias feitas pela própria Mlle Le Normand, escrito pouco antes de sua morte com um comentário sobre elas e uma pequena biografia da autora; a biografia é anônima.


O autor do comentário intitula-se Hortensius Flamel, um pseudônimo, obviamente. O nome Flamel é claramente emprestado do célebre suposto alquimista do século XVI, Nicolas Flamel, o primeiro nome soa estranho. A identidade de Hortensius Flamel tem sido sujeita a muita discussão; devemos deixar nossas considerações sobre o assunto até o próximo capítulo. Parágrafos inteiros da biografia incluídos no livro são repetições, palavra por palavras, de um uma carta anteriormente publicada numa revista semanal chamada Le Tam-Tam (nº 29 de 9-15 de julho de 1843). Essa carta foi enviada ao editor por um senhor chamado Monsieur Alboise e foi dita ser baseada documentos não publicados vindos de Aleçon, local de nascimento da sibila.
 

Alboise – Jules-Édouard Alboise (ou Alboize) du (ou de) Pujol (185-54) – foi um contribuidor permanente da revista, como é indicado na página principal; ele era um dramaturgo, administrador de teatro, autor (sempre como colaborador) de pobres vaudevilles e superficiais romances de época. De acordo com a nota sobre ‘Lenormand’ no Nouvelle biographie génerale (Vol. 29, 1859), Alboise du Pujol era um parente de Mlle Le Normand, que teria casado com sua sobrinha e herdado papéis particulares a partir dos quais planejava publicar um ‘Memorial’; porém suas morte, como foi dito, impediu-o de realizar o projeto.
 

Logo após, em 1843, Francis Girauld, um poeta obscuro, publicou Mademoiselle Le Normand: as biographie, ses prédictions extraordinaires, ao qual ele adicionou uma “introdução filosófica nas ciências ocultas”, apresentando a história da adivinhação, leitura de mãos e cartomancia com os Tarôs Egípcios e o Jogo de Picket ‘como explicado pelas profetisas do século XIX’”. A capa alega que que é a única biografia “oficial”. A introdução e explicação da cartomancia com o Tarô são plagiados de Julia Orsini, Le Grand Etteilla, ou l’art de tirer les cartes, publicados publicados em Lille em 1838, enquanto a biografia é amplamente derivada de La Sibylle du XIXe siècle para os primeiros anos e dos escritos de Mlle Le Normand.

Ainda no mesmo ano, uma voz cética vou erguida por Louis Du Bois um folheto de 20 páginas intitulado De Mademoiselle Lenormand et de ses deux biographies, récemment publiées (Sobre Mlle Lenormand e suas duas biografias recentemente publicadas, Paris 1843). Baseado no livro de Girault, o autor ataca, impiedosamente, a veracidade de Mlle Le Normand e suas afirmações de ter feito profecias acertadas, sem oferecer evidências sólidas. Du Bois, que se denominava bibliotecário da École centrale de l’Órne (i.e. o departamento do qual Aleçon é a capital), abre seu panfleto declarando que Marie-Anne Le Normand não nasceu em 1772, como afirmado tanto por Girault como em La sibylle de XIXe siècle, mas a 16 de setembro de 1768, porém, mais uma vez, sem citar qualquer evidência.

 

Dois anos depois, Narcisse-Honoré Cellier du Fayel, ‘professeur à l’Àthénée royal, directeur du jornal Le génie des Femmes’ publicou La vérité sur Mademoiselle Lenormand (Cellier du Fayel, 1845), contando como conheceu Mlle Le Normand em seus últimos anos. Embora, primeiramente cético, foi convencido pelos seus talentos, tornando-se um amigo íntimo. Sua descrição é mais plausível que as anteriores e soa honesta a maioria das vezes.
 

Logo apareceram biografias em dicionários como o Dictionnaire des sciences occultes de Migne, (1855), no Nouvelle biographie general depuis les temps plus reculés jusqu’à nos jours (Vol. 29, 1859) de Firmin-Didot, e na nova edição de Biographie universelle ancienne et moderne (Vol. 24, c.1860), de Michaud. Elas refletem opiniões muito diferentes: As ferozes notas de Collin de Plancy são equilibradas pela biografia mais complacente assinada por  L. Boyeldieu d’Auvigny no dicionário de Lecanu. Porém, Lecanu, ansioso por mostrar distanciamento, acrescentou comentários críticos. A Nouvelle Biographie oferece uma nota favorável pela Ed. de Manne, mas a Biographie universelle é duramente crítica sob a caneta de Du Bois.

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Outra parte não tão grandiosa foi pesquisada, em 1911, por Alfred Marquiset em seu La célèbre Mademoiselle Lenormand. Marquiset é bastante sarcástico, mas bem divertido – porém, seu livro é mais bem documentado até agora. Ele usou arquivos policiais bem como dedicatórias e manuscritos. O livro mais recente sobre Mlle Lenormand: Mademoiselle Lenormand: la reine de la voyance (1990), de Dicta Dimitriads não traz informações reais, sendo fortemente romanceado, usando, ainda, as mesmas estórias confusas e supersticiosas como fez Flamel, Girauld e outros de forma a apresentar suas heroína de forma bajuladora. Não é surpresa que a biografia de Marquiset não seja nem mencionada!
 

Marie-Anne Lenormand nasceu em Aleçon, na Normandia, em 27 de Maio de 1772. Até mesmo sua chegada no mundo é cercada de controvérsia; como vimos, um de seus muitos biógrafos, mantém que ela nasceu a 16 de setembro de 1768. Algumas décadas mais tarde, Ed. de Manne apresentou a sua data completa de nascimento, contradizendo Du Bois. Pesquisas recentes nos livros paroquiais  de Aleçon confirmaram que Marie-Anne-Adelaïde Le Normand nasceu e foi batizada no mesmo dia, 27 de maio de 1772. Seu pai, Jean-Louis-Antoine Le Normand era um comerciante de tecidos e morreu no ano seguinte. Sua mãe, Marie-Anne Gilbert, com quem Jean-Louis Le Normand casara em 1767, teve outro marido em 1774, Isaac Rosay–Desfontaines. Infelizmente, ela faleceu em 1777, deixando Marie-Anne órfã aos 5 anos de idade. Isaac Rosay casou-se de novo e mais outra vez em 1779, a segunda faleceu. Dessa forma, Marie-Anne Le Norma era uma estranha para os seus pais legais.
 

De acordo com a carta de Alboise para a Le Tam-Tam, reproduzida por Flamel e Girauld. Marie-Anne deixou Aleçon, indo para Paris; não é certo se ela se juntou ao seu padrasto, Isaac Rosay-Desfountaines, que tinha se estabelecido lá e aberto uma loja na rue du Colombier, ou outro comerciante – talvez com a indicação de Isaac – ou ainda, se ela foi simplesmente atraída pela capital e saiu sem planos. Uma vez em Paris, é dito que reencontrou um conterrâneo, Jacques-René Hébert, que se tornaria famoso entre 1790 e 1794 com o seu Le Père Duchese, o mais bruto e violento jornal do período revolucionário. Ela se apaixonou por ele? Não há nada certo, mas não é provável que tenham sido amantes uma vez que a última confidente de Mlle Le Normand, N.-H. Cellier du Fayel, revela que ela morreu “em sua pureza natural de nascimento”.


Nada muito confiável pode ser estabelecido dos anos seguintes. De acordo com Dimitriadis que, não só confia em Flamel e Giraud, mas acrescenta muitos detalhes ainda desconhecidos, Marie-Anne Le Normand estava vivendo em precárias condições quando decidiu deixar Paris para ir para Londres e visitar o célebre Dr Gaal, com quem se encontrou em setembro de 1789. Entretando, Du Bois e Cellier apontaram que Gaal não só era desconhecido naquela época, como nem tinha deixado sua terra natal, a Alemanha. Além disso, ele não tinha exposto em francês suas pesquisas sobre crânios até 1808. Mesmo sendo uma profetisa, não seria razoável que a jovem Mlle Le Normand tenha ouvido falar das teorias de Gall em 1789! Também é uma extravagante superstição que ela tenha viajado sozinha para outro país aos dezessete anos.


Marie-Anne Le Normand nos diz que em 1793 ela era secretária do Monsieur d’Amerval de la Saussotte. Numa longa nota nos sues Souvenirs prophétiques d’une sibylle, ela explica como d’Amerval de La Saussotte, um opositor da realeza, planejou ajudar a rainha Marie-Antoinette a escapar da prisão. Marie-Anne se juntou ao plano, mas somente teve sucesso em encontrar-se com a rainha na prisão. Maria Antonieta, ela conta, tinha um baralho para ler a sorte. Infelizmente, como mostra Alfred Marquiset, tudo nessa história é uma farsa. Mlle Le Normand usou a moldura de um caso real – o ‘Caso dos Cravos’ – e, simplesmente, mudou os nomes, colocando o seu no lugar de um homem chamado Gonse, acrescentando mais alguns detalhes.
 

A seguir, encontramos Marie-Anner sendo detida na companhia de Fraçois Flammermont e Louise Gilbert. De acordo com um documento arquivado reproduzido por Cellier du Fayel em 1845, eles foram sentenciados à prisão e multados em 10 livres no dia 20 de Floréal do ano II (9 de maio de 1794) por serem ‘diseurs de bonne fortune’( leitores da sorte). O ato menciona que eles usavam ‘convites’ e ‘cartas’. Todavia, Alfred Marquiset mostrou dúvidas quanto a esse documento que foi publicado somente em 1845 e ‘deve ter vindo direto da fábrica Lenormand’. No seu livro de 1814, Mlle Le Normand queixou-se de ter sido presa ‘sob o terrível sistema do Terror’ (ou seja, 1794); mas ela explica a sua estadia na prisão por ‘pregado uma contrarrevolução’!

A primeira evidência documentada que temos de Mlle Le Normand é nada mais que um jornal diário chamado Le mot à l’orreille, ou le Don Quichotte des dames (A palavra no ouvido, ou as mulheres de Don Quixote), cuja primeira edição apareceu no dia 11º Vendémiaire, ano VI (2 de outubro de 1797). Era uma gazeta simples, cheia de notícias, humor e notícias do Conseil des Cinq-Cents (Parlamento). A única alusão à divinação é a ‘previsão’ do tempo na sua quinta edição. Le mot à l’oreille não parece ter tido muito sucesso: depois de oito edições, Mlle Le Normand desistiu. Todavia, é interessante ler que ela é ‘editora-proprietária’ – na verdade ela se coloca como ‘rédactrice’, o que nos leva a crer que ela escreveu todos os artigos -  e que seu endereço seja ‘1153 rue de Tournon, faubourg Saint-Germain’.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lenormand atende Robespierre, um dos líderes da Revolução Frances (1789-1799)

 

 

É provável que esse seja o atual o nº5 da mesma rua. Embora a rue de Tournon não tenha mudado desde aqueles dias -  muitos dos edifícios são do final do século XVIII – a numeração atual só foi introduzida em 1805. Antes disso, eram usados sistemas diferentes baseados em todo o distrito envolvendo números altos. É verdade que Jacques-René Hérbert tinha seu negócio lá até 1792. Foi inferido que Marie-Anne Le Normand foi a sucessora de Herbert em sua loja, mas não temos indícios reais de sua situação durante a revolução. Cellier du Fayel cita que ela só se estabeleceu em 1799 – embora saibamos que ela já havia se estabelecido lá desde 1797 – acrescentando que o número 1153 rue de Tournon se tornaria número 9. Para Marquiset, ela estaria viveu no número 9 ‘por volta de 1798’, mudando-se para o número 5. Mas, numa carta que Mlle Le Normand enviou à Imperatriz no dia 28 de novembro de 1804, ela ainda dá o endereço como ‘rue de Tournon nº1153, fabourg Saint-Germain’. A situação se torna complicada com o  arranjo das premissas: nº5 e nº7 de um prédio com três lojas e uma entrada principal. Uma vez numerado ‘5’, a localização na rue de Tournon permaneceria o endereço da célebre sibila até seus últimos dias.

 

Já era Mlle Lenormand, popular? Não há evidências a não ser em sues próprios escritos. Ela, realmente, leu a sorte para o conde de Provença que se tornaria o Rei Luís XVIII, Mirabeau, general Hoche, Camille Desmoulins, Danton, Saint-Just, Marat, Barras, Robespierre, Talleyrand, o ator Talma e,por úlitmo mas não pior, Joséphine de Beauharnais? Louis du Bois demonstrou que isso seria logicamente impossível para muitos deles , já em 1843. Cellier du Flamel duvidou de qualquer celebridade. Para ele, Marie-Anne Le Normand viveu humildemente até 1800.


Alfred Marquiset ofereceu uma boa reconstrução hipotética das Ascenção de Mlle Lenormand: ‘O primeiro lugar que fez suas tentativas foi nos barcos das lavadeiras, sempre apaixonadas uma necromanciazinha; por alguns centavos elas as alimentava com maravilhosas esperanças que elas não resistiriam em contar aos seus clientes tais maravilhas. Passo a passo, ela chegou aos comerciantes, então à burguesia, e às mulheres do mundo através de suas criadas; daí até à alta sociedade só era preciso mais um passo. Encontrando-se com pessoas de alto nível, Mlle Le Normand aprimorou sua educação preocupando-se com o conhecimento específico que precisaria para o seu ofício. Desenvolvendo sua astúcia normanda ela pôde arrumar relações secretas todos os lugares e deslumbrar, frequentemente, com suas revelações tendo pago por isso, do seu próprio bolso.

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